Os biofármacos, medicamentos biológicos derivados de organismos vivos, estão revolucionando o tratamento de doenças como câncer, artrite reumatoide e diabetes. No Brasil, apesar dos avanços, a produção nacional ainda é incipiente, e o país depende majoritariamente de importações. Este artigo explora o panorama atual, destacando iniciativas para fortalecer o setor e os desafios enfrentados.

O que são Biofármacos?

Os biofármacos incluem vacinas, anticorpos monoclonais e biossimilares, que são versões equivalentes a medicamentos biológicos de referência. Eles possuem alta especificidade e eficácia, mas sua produção é complexa, exigindo tecnologia avançada e mão de obra especializada.

A Produção de Biofármacos no Brasil

Atualmente, o Brasil importa cerca de 95% dos Insumos Farmacêuticos Ativos (IFAs), componentes essenciais para a fabricação de biofármacos. Essa dependência compromete a autonomia nacional, tornando o fortalecimento da indústria local uma prioridade estratégica para o Sistema Único de Saúde (SUS).

Iniciativas Nacionais
  • Hemobrás: Localizada em Pernambuco, a fábrica foi projetada para produzir medicamentos essenciais como o Fator VIII recombinante, usado no tratamento de hemofilia. Com início de operações previsto para 2026, a Hemobrás reduzirá custos ao SUS e possibilitará exportações. Esse projeto reflete um esforço para fortalecer a autonomia nacional na área de biotecnologia​.
  • Libbs: A empresa estabeleceu a primeira fábrica nacional dedicada a anticorpos monoclonais, usados para tratar cânceres hematológicos. Seus esforços visam também a produção de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) localmente, com planos de diversificação tecnológica para desenvolver vacinas de RNA mensageiro​.
  • Parcerias de Desenvolvimento Produtivo: (PDPs)Estas são colaborações entre o governo e empresas privadas. Exemplos incluem as parcerias da Bionovis e Sandoz, que compartilham tecnologias de biossimilares para aumentar a produção interna e abastecer o SUS. Esse modelo promove a transferência de tecnologia e fomenta o parque industrial farmacêutico no Brasil​.​

Benefícios dos Biossimilares

Os biossimilares são medicamentos biológicos equivalentes aos originais, desenvolvidos após o término de suas patentes.​

Benefícios:
  1. Redução de Custos: Oferecem tratamentos a preços mais acessíveis, ajudando o SUS e outros sistemas de saúde a economizar bilhões globalmente.
  2. Maior Acesso: A democratização do uso de medicamentos biológicos, antes limitados a poucos pacientes, aumenta as chances de cura para doenças graves como câncer e artrite reumatoide​.
  3. Inovação e Competitividade: As empresas brasileiras estão começando a não apenas copiar medicamentos de referência, mas também a desenvolver novos biossimilares, incentivando avanços tecnológicos e exportações​.

Desafios da Produção Nacional

A indústria de biofármacos enfrenta obstáculos significativos, incluindo:

  1. Alta Dependência de Importações: Apenas 5% dos IFAs utilizados no Brasil são produzidos localmente, devido à perda de competitividade nos anos 1990, quando o mercado foi aberto às importações.
  2. Custo Elevado de Produção: A alta carga tributária, custos trabalhistas e falta de subsídios dificultam a competitividade da indústria nacional.​
  3. Infraestrutura e Tecnologia Limitadas: Produzir biofármacos requer equipamentos sofisticados e know-how avançado, áreas onde o Brasil ainda está se desenvolvendo​.
  4. Falta de Profissionais Capacitados: A produção de biofármacos no Brasil enfrenta um sério obstáculo devido à carência de profissionais especializados. A complexidade técnica desse setor exige conhecimentos avançados em biotecnologia e farmacologia, mas a formação acadêmica e os programas de capacitação ainda são limitados no país. Além disso, a falta de alinhamento entre universidades e a indústria dificulta a formação de mão de obra qualificada, essencial para expandir a produção nacional​.

Perspectivas para o Futuro

O Brasil tem dado passos importantes no fortalecimento de sua produção de biofármacos, mas o caminho é longo e desafiador. A redução da dependência externa e a ampliação da oferta de medicamentos acessíveis são essenciais para melhorar a saúde pública e garantir a soberania nacional.

Combinando investimentos em tecnologia, políticas públicas eficientes e parcerias estratégicas, o país pode consolidar-se como um importante produtor de biofármacos, beneficiando tanto o mercado interno quanto o internacional.

Se bem-sucedidas, essas iniciativas transformarão o Brasil em um exemplo global de inovação e acesso à saúde.

Fontes:
futurodasaude.com